Elvis 1956




quarta-feira, 19 de abril de 2017

LIVRO ELVIS E EU CAPITULO 15

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Continuação do livro Elvis e EU  Elvis And Me CAPITULO 15


Elvis Presley criava o seu próprio mundo; somente em seu ambiente sentia-se seguro, à vontade e protegido. Havia um clima de camaradagem genuína em Graceland. Vivíamos como uma grande família, comendo, conversando, discutindo, gracejando, nos divertindo e viajando juntos. Embora eu me tornasse amiga dos rapazes do círculo de Elvis, ele nunca me deixou esquecer — ou a qualquer outro — que eu era a sua garota. Nunca eu deveria ficar muito íntima de qualquer outro.

Uma noite, quando voltamos do cinema, nós nos despedimos de todos e subimos. Retornando à cozinha, poucos minutos depois, a fim de pegar alguma coisa para comer, encontrei Jerry Schilling, que estava começando a trabalhar para Elvis, fazendo um lanche. Começamos a conversar, mais alguns minutos e Elvis apareceu.

— O que vocês dois estão fazendo aqui embaixo? — gritou ele.

— Ora, Elvis, estávamos apenas conversando. Perguntei a ela como se sentia, porque não estava passando bem esta tarde.

— Desci para comer alguma coisa — expliquei.

— Cilla, você não deve vaguear pela casa durante a madrugada — declarou Elvis, furioso, ordenando-me em seguida que subisse.

Enquanto me afastava, ouvi Elvis censurar Jerry:

— Se quer continuar neste emprego, filho, é melhor cuidar apenas de sua própria vida. Se alguém tem de perguntar como ela está se sentindo, sou eu. É melhor você nunca esquecer isso.

Eu gostava de Jerry. Ele era afetuoso, sincero e muito bem-apessoado; apenas dois anos mais velho do que eu, era uma das poucas pessoas ali com quem podia me relacionar. Daquele momento em diante, porém, passou a ser um jogo de esquiva cada vez que nos encontrávamos. Agora, Jerry e eu rimos quando recordamos "os bons tempos de antigamente". A maioria dos que trabalhavam para Elvis estavam ali desde o início e sabiam de tudo a seu respeito — o senso de humor, a sensibilidade, o temperamento. Ele
se

revelava completamente na presença da turma e todos aceitavam-no pelo que era.

Trabalhar para Elvis era um emprego de 24 horas por dia e todos estavam constantemente à sua disposição. Divertiam-se quando ele se divertia, dormiam quando ele dormia. Era preciso ter uma certa espécie de personalidade para aturar suas exigências, quer fizessem sentido ou não.

— Vamos para Tupelo, no estado de Mississipi — disse ele uma tarde, não muito depois de acordarmos. — Quero lhe mostrar o lugar onde eu nasci.

Ele telefonou lá para baixo e disse a Alan que avisasse a todos que queria partir dentro de uma hora.

— Está certo, Chefe. Acho que Richard e Gene ainda estão dormindo. Vou ligar para eles e dizer que venham para cá imediatamente.

— Aqueles preguiçosos ainda estão dormindo? — disse Elvis. — E nós já estamos acordados há duas horas! Eles deveriam estar aqui há muito tempo. De hoje em diante, Alan, quando eu ligar para pedir o desjejum avise à turma e mande que estejam aqui, prontos para qualquer coisa... o que pode incluir a possibilidade de eu nem descer. Mas quero que todos estejam sempre aqui.

Uma exigência absurda? É verdade, mas Elvis podia ser igualmente generoso. Pelos padrões de hoje, os salários até que não eram altos — em média, 250 dólares por semana — mas se os rapazes estavam em dificuldades ao final do mês sempre podiam recorrer a Elvis.

Pediam-lhe para ajudar na entrada de uma casa ou no primeiro e último pagamento de um apartamento. Elvis sempre ajudava, emprestando mil, cinco mil ou dez mil dólares quando lhe pediam. Eles raramente pagavam, se é que alguma vez aconteceu.

Também não havia limites para os presentes dispendiosos que ele dava — aparelhos de televisão no Natal, cheques de gratificação, Cadillacs conversíveis, Mercedes-Benz. Se tomava conhecimento que alguém estava triste ou deprimido, adorava surpreendê-lo com um presente, geralmente um carro novo. E quando dava a um, quase sempre acabava dando a todos. Vernon não tinha muito respeito pelos rapazes. Dizia que Elvis apenas dava e dava, que eles tomavam e tomavam e tomavam. E insistia:
 

— Filho, precisamos economizar.

Ao que Elvis respondia:

— É apenas dinheiro, papai. Basta eu sair e ganhar mais.

Vernon ressentia-se contra o fato dos freqüentadores habituais se comportarem como se Graceland fosse seu clube particular. Entravam na cozinha a qualquer hora e pediam o que quisessem. É claro que cada um pedia alguma coisa diferente. As cozinheiras trabalhavam noite e dia para manter a todos felizes. Vernon protestava:

— Os rapazes que se danem. Só deveriam se preocupar com Elvis.

O pior de tudo era que os rapazes pediam filé ou vitela, enquanto Elvis comia hambúrgueres ou sanduíches de manteiga de amendoim e banana.

Não fui muito popular em Graceland quando comecei a reorganizar a cozinha. Fixei a política de um cardápio por refeição; quem não gostasse, podia ir a um restaurante próximo. A nova ordem provocou muitos resmungos dos rapazes, mas as cozinheiras ficaram aliviadas e Vernon sancionou minha decisão, anunciando:

— Já estava na hora de alguém organizar as refeições. Começava a parecer que estávamos alimentando a metade da população de Menphis.

Elvis era o patrão, o provedor e o poder. Tanto os rapazes como eu tínhamos de protegê-lo das pessoas que o aborreciam ou irritavam, que não contavam mais com seu favor.

Antes de descer para a noite, ele me mandava telefonar lá para baixo, a fim de saber quem estava presente. Eu repetia a lista, certa de que alguns nomes o deixariam contrariado.

— Mas que merda! — exclamava ele, desolado. — O que ele quer aqui? Trazer-me mais alguma péssima notícia?

Elvis preferia ficar em seu quarto do que passar a noite em companhia de alguém de quem não gostava. Houve um rapaz do círculo íntimo que caiu em desgraça e Elvis disse a todos que não o queria mais em Graceland.



ELVIS E EU



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— Não deixem que ele passe pelo portão! — ordenou Elvis. — Basta eu ver sua cara que fico deprimido!

Elvis proibiu seu acesso por alguns anos, declarando:

— Se ele mudar sua atitude mórbida, talvez eu também mude de idéia.

Suas percepções eram corretas, já que esses "amigos" quase sempre acabavam por traí-lo. Elvis e Vernon mantinham alguns parentes a distância. Elvis me explicou o motivo: eles desprezavam-no quando estava crescendo, chamando-o de maricas e filhinho da mamãe. Gradys sempre defendia o filho e dizia a seus algozes que fossem embora. Furiosa, ela protestava:

— Não nos incomodem com essas acusações!

E de repente Elvis conquistara a fama e a fortuna, todos os parentes se aproximaram, suplicando por empregos ou clamando que precisavam de ajuda. Havia ocasiões em que Elvis ficava transtornado e acusava:

— Eles só me visitam com a mão estendida. Seria maravilhoso se viessem apenas para saber como eu estou. Mas isso nunca acontece. "Estou precisando de algum dinheiro extra, Elvis. Será que pode me ajudar?". Aposto que eles ainda vão querer se aproveitar depois que eu morrer. Mas Elvis sempre acabava dando a cada um cem dólares ou mais, sempre que apareciam. Se dependesse de Vernon, ele mandaria todos embora sem nada. Mas Elvis alegava:

— Não é possível, papai. Eles não têm qualquer outro lugar para onde possam ir. Não arrumariam emprego em outra parte. Vamos mantê-los por aqui.

Desde o início de seu sucesso que Elvis empregara muitas pessoas da família e todas tinham títulos. Vernon era o seu gerente de negócios; Patsy a secretária pessoal; os tios Vester Presley, Johnny e Travis Smith e o primo Harold Lloyd eram guardas do portão; os primos Billy, Bobby e Gene eram assessores pessoais; e havia ainda Tracy Smith, que parecia passar de irmão em busca de apoio. Elvis sustentava a todos.

Lembro de uma noite em Graceland quando Elvis entrou na cozinha e deparou com Tracy andando de um lado para o outro.

— Ei, Tracy, o que está havendo com você?



As mãos nos bolsos, Tracy não foi capaz de fitar Elvis nos olhos, limitando-se a murmurar, com um suspiro:

— Não sei...

— Como não sabe? Todo mundo sabe o que está havendo consigo mesmo.

Tracy, balançando para frente e para trás, balbuciou:

— Estou com os nervos no chão! Elvis.

Elvis desatou a rir.

— Os nervos no chão! Nunca ouvi ninguém falar assim! Precisa de algum dinheiro, Tracy?

Tracy tornou a balançar para frente e para trás, sem dizer nada. Elvis chamou Joe e disse-lhe que desse uma nota a Tracy. Um sorriso feliz estampou-se no rosto vincado de Tracy quando pegou a nota de cem dólares e se retirou.

Elvis sabia que estar com os nervos no chão era a maneira de Tracy dizer que estava sem dinheiro... e preocupado demais com o problema. Ele nunca mais esqueceu.

— Terei sempre gravada na memória a expressão do velho e pobre Tracy naquela noite.

Assim era Elvis — sempre preocupado, sempre sensível às necessidades de todos, mesmo

enquanto apresentava uma imagem machista aos amigos e fãs.




ELVIS E EU


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CONTINUA,,,,,,,

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