Elvis 1956




quinta-feira, 30 de março de 2017

LIVRO ELVIS E EU CAPITULO 2

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CONTINUAÇÃO DO LIVRO Elvis e EU  Elvis And Me   CAPITULO 2



Esperava nunca mais ter notícias dele. Poucos dias depois, no entanto, o telefone tocou. Era Currie. Disse que acabara de receber um telefonema de Elvis, querendo saber se ele poderia me levar de novo à sua casa naquela noite. Fiquei extasiada.

— Está falando sério, Currie? Ele quer mesmo me ver? Por quê? quando ele ligou?

Incapaz de responder a todas as minhas perguntas ansiosas, Currrie limitou-se a dizer calmamente:

— Você quer que eu fale com seu pai?

Meus pais se mostraram tão surpresos quanto eu. Relutantes, aceitaram o pedido de Currie.

A visita foi muito parecida com a anterior — uma conversa descontraída, Elvis tocando piano e cantando,todos comendo os pratos prediletos da avó. Mas tarde, porém, depois que terminou de cantar, Elvis me procurou e disse: — Quero ficar a sós com você, Priscilla. Estávamos frente a frente, fitando-nos olhos. Dei uma olhada ao redor. Não havia mais ninguém por ali.

— Estamos a sós — murmurei, nervosamente.

Ele chegou mais perto, encostando-me na parede, sussurrando:

— "Realmente" a sós. Não quer subir para o meu quarto?

O convite me deixou em pânico. "O quarto"? Até aquele momento não me passara pela cabeça que Elvis Presley pudesse estar interessado em mim sexualmente. Ele podia ter qualquer mulher do mundo. Por que haveria de me querer?

— Não precisa ficar com medo, meu bem.

Enquanto falava, ele me alisava os cabelos.

— Juro que não farei nada para prejudicá-la. — Ele parecia absolutamente sincero. — Vou tratá-la como uma irmã.

Afogueada e confusa, desviei os olhos.

— Por favor...



Parada ali, fitando-o nos olhos eu me sentia atraída, quase contra a minha vontade. Acreditava nele; não era difícil acreditar. Descobrira àquela altura que suas intenções eram afetuosas e sinceras. Os momentos passavam e eu ainda não era capaz de fazer coisa alguma. Mas acabei acenando com a cabeça e murmurei:

— Esta bem.

Ele pegou-me a mão e levou-me para a escada, murmurando qual era o seu quarto e acrescentando:

— Vá na frente e eu irei ao seu encontro dentro de alguns minutos. Será melhor assim.

Elvis encaminhou-se para a cozinha, enquanto eu subia a escada, lentamente, especulando: O que ele exigiria de mim? O que esperava? Ficarei completamente a sós com ele pela primeira vez, desde que o conheci, tenho sonhado com este momento, convencida de que nunca chegaria. Agora, estou no meio de uma realidade que jamais pensei que pudesse acontecer.

Cheguei ao segundo andar e encontrei seu quarto. Era tão simples e impessoal quanto os outros cômodos da casa. Entrei e sentei empertigada numa cadeira de encosto reto... e fiquei esperando. Como Elvis ainda não tivesse aparecido, depois de alguns minutos, comecei a olhar ao redor. Era um quarto comum, sem nada excepcional, certamente não havia nada que indicasse ser o quarto de um famoso cantor de rock. Havia livros, uma coleção de discos, uniformes e botas. Havia também muitas cartas de garotas dos Estados Unidos na mesinha-de-cabeceira. Muitas eram de alguém chamada Anita. Elvis raramente mencionava Anita, mas todos sabiam que ele tinha uma namorada em casa. Senti vontade de ler as cartas, mas fiquei com medo de que ele me surpreendesse.

Mais vinte minutos transcorrera antes que Elvis finalmente aparecesse. Ele entrou e tirou o casaco, ligou o rádio e sentou na cama. Eu mal olhava para ele, apavorada. Imaginava-o a me agarrar, jogar na cama, fazer amor. Em vez disso, falou suavemente:

— Por que vem sentar ao meu lado? — Relutei, mas ele se apressou em garantir que eu nada tinha a temer. — Juro que gosto de você, Priscilla,


é uma presença revigorante. E é muito bom conversar com uma garota americana. Sinto falta disso. Fico meio solitário aqui.

Sentei ao seu lado, sem dizer nada, mas comovida com seu ar vulnerável, um pouco infantil. Elvis disse que nosso relacionamento seria muito importante para ele e que precisava de mim. Era o mês de outubro e ele deveria retornar aos Estados Unidos dentro de seis meses. Conhecia muitas garotas e não eram poucas as que vinham visitá-lo, como eu estava fazendo, mas nunca sentira uma intimidade genuína com qualquer outra, como acontecia agora.

Aninhei-me em seus braços, certa de que ele não se mostraria precipitado. Elvis abraçou-me, murmurando:

— Gostaria que mamãe estivesse aqui para conhecer você. — Ele suspirou e uma expressão transtornada surgiu em seu rosto. — Ela gostaria de você tanto quanto eu gosto.

— Eu também gostaria de conhecê-la — sussurrei, comovida com sua sinceridade.

Eu saberia depois que a mãe de Elvis, Gladys, era o grande amor de sua vida. Ela morrera a 14 de agosto de 1958, aos 42 anos de idade, de insuficiência cardíaca, depois de um longo padecimento com hepatite aguda.

Elvis comentou como a amava profundamente e sentia sua falta, como temia voltar a Graceland sabendo que não iria encontrá-la ali. Fora o seu presente para a mãe, uma propriedade que comprara por cem mil dólares, um ano antes de sua morte.

Elvis estava convencido de que a mãe renunciara a continuar a viver. Sua saúde começara a se deteriorar quando ele fora convocado. O amor que tinha por Vernon e Elvis era tão grande que nunca poderia suportar a perda de qualquer dos dois e muitas vezes comentara que queria ser a primeira a morrer. Para Gladys, ingênua, a Alemanha ainda representava a guerra e o perigo. Nunca fora capaz de compreender que agora prevaleciam condições de paz.

Ele tinha o hábito de ligar para Gladys todos os dias. Fiquei surpresa ao saber que ele nunca passara uma noite fora de casa até o momento em que começara a se apresentar em shows. Ele me contou sobre a ocasião em


ELVIS E EU

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que seu carro pegara fogo na estrada e mal conseguira escapar com vida. Embora estivesse a quilômetros de distância, Gladys sentara na cama abruptamente e gritara seu nome, o que demonstrava como era forte o vínculo intuitivo entre os dois. Sua preocupação com o bem-estar do filho era tão grande que passava as noites sem dormir, quando ele se encontrava em excursão, até que recebia seu telefonema, dizendo que estava bem. Quando fazia o treinamento básico, no Forte Hood, Texas, Elvis alugara uma casa perto da base para Vernon, Gladys e a avó. Senti que a morte da mãe afetara mais que qualquer pessoa poderia compreender plenamente. Ele se culpava por não estar a seu lado quando ela caíra doente e fora enviada para a casa em Menphis, sob cuidados médicos.

Ele descobrira que Gladys andava bebendo para se consolar e receava que isso pudesse se tornar um problema grave. Por mais que a consolasse e garantisse que voltaria para sua companhia dentro de dezoito meses, até mesmo suplicasse que o acompanhasse, o medo de Gladys de perder o filho único a levara à sepultura. A depressão profunda de Elvis pela morte de Gladys fora agravada por seu conflito mental em relação a Dee Stanley, a quem Vernon conhecera na Alemanha. Dee e seu pai haviam se tornado inseparáveis pouco depois da morte de Gladys, cedo demais para o gosto de Elvis. Uma loura atraente, na casa dos trinta anos, Dee estava se divorciando do marido, separada dele e de seus três filhos quando começara a se encontrar com Vernon. A possibilidade do pai sequer conceber em substituir Gladys deixava Elvis transtornado. Ele também tinha dúvidas sobre as intenções de Dee e se eram no melhor interesse de seu pai.

— O que Dee está tentando fazer? — Elvis indagava às vezes, desconfiado. — Transformá-lo no dândi que ele não é? Por que não pode aceitá-lo como ele é? Nunca o vi tão apaixonado. Eles se encontraram num restaurante e trocam bilhetes amorosos durante o dia inteiro.

Meu coração se confrangeu por Elvis naquela noite, enquanto ele confidenciava seus problemas e preocupações. Era um artista de fama internacional, um grande astro, mas apesar disso continuava a ser um homem profundamente solitário.

 
Outra vez a visita pareceu terminar cedo demais. Elvis me deu um beijo de despedida, meu primeiro beijo de verdade. Eu jamais experimentara uma mistura tão intensa de afeição e desejo. Fiquei atordoada, mas presa à realidade em que me encontrava-nos braços de Elvis, minha boca contra a sua. Consciente da minha reação-e da minha juventude — ele tomou a iniciativa de romper o abraço, dizendo:

— Temos muito tempo, menina.

E ele me deu um beijo na testa, despachou-me para casa. Na altura de nosso quarto encontro, papai decidiu.

— Se você quer continuar a se encontrar com Elvis, nós temos de conhecê-lo.

Meus pais estavam tão fascinados pela celebridade de Elvis que se mostravam dispostos a abrir mão de seus princípios. No começo, era conveniente que Currie fosse me buscar e levar em casa, mas agora meus pais indagavam por que Elvis não fazia isso pessoalmente. Acabei dizendo a Elvis, numa noite de sábado:

— Meus pais querem conhecer você. Querem que vá me buscar em casa.

Ele ficou irritado.

— O que isso significa?

— Significa que não posso mais vê-lo se não for me buscar e conhecer meus pais — expliquei, muito nervosa.

Ele concordou... desde que pudesse levar seu pai junto. No dia marcado cumpri a minha rotina habitual, só que em vez de uma hora fiquei pronta duas horas antes. Fiquei parada ao lado da janela, à espera de seu carro, enquanto tocava seus discos, "Old Shep", "I Was the One" e "I Want You, I Need You, I Love You", até que papai gritou da cozinha:

— Tem que tocar esses discos agora? Afinal, o homem estará aqui dentro de poucos minutos e você o verá praticamente durante a noite inteira.

Era de se imaginar que quisessem algum descanso um do outro. Eu estava nervosa. Sabia que papai queria que Elvis fosse me buscar e me levar em casa... e tencionava dizer-lhe isso. Não sabia como papai pretendia


abordá-lo, se planejava se mostrar cordial ou firme... e sabia muito bem como papai podia ser firme e áspero. Esperava pelo pior.

Cerca de uma hora depois o BMW parou diante da casa e Elvis e o pai saltaram. Elvis viera devidamente preparado; usava o seu uniforme a fim de impressionar papai. Sabia que o serviço militar era a ligação entre os dois e tencionava tirar o máximo proveito.

Estava com uma aparência sensacional. Ele tirou o quepe e beijou-me no rosto. Convidei-o e ao pai a entrarem e levei-os para a sala de estar, onde Elvis ficou se mexendo, inquieto, parecendo que não sabia o que dizer, pela primeira vez. Acabou indagando:

— Seus pais estão em casa? — Só pude acenar com a cabeça afirmativamente e ele acrescentou: — Sei que estamos um pouco atrasados, mas eu tinha que ma aprontar direito... e tivemos alguma dificuldade para descobrir o lugar.

Achei engraçado... imagine só, Elvis Presley se desculpando! Já conhecia bastante bem os seus hábitos àquela altura para saber que ele precisava de pelo menos três horas para trocar de roupa, conversar com os amigos, desfrutar uma das vastas refeições da avó e dar alguns autógrafos ao sair. A não ser quando estava trabalhando, ele não se preocupava com horários. Enquanto Vernon se acomodava no sofá, Elvis apontou para os retratos da família na parede e disse:

— Dê uma olhada, papai... aqui está Priscilla com toda a família. Acho que ela parece com a mãe. Não vejo muita semelhança com os irmãos e a irmã... mas também eles ainda são muito pequenos. Não corte os cabelos, Baby. Adoro quando estão compridos assim. Você é uma garota muito bonita. Como é que fui esbarrar com você? Deve ter sido obra do destino. Os últimos comentários foram pronunciados num sussurro, enquanto meus pais entravam na sala. Em vez de dizer "Oi", como faria a maioria dos jovens, Elvis estendeu a mão e disse:

— Como têm passado? Sou Elvis Presley e este é meu pai, Vernon. Parecia-me um absurdo, meus pais sabiam perfeitamente quem ele era, assim como o mundo inteiro. Mas Elvis era o cavalheiro em pessoa. Papai ficou visivelmente impressionado e daquele momento em diante Elvis sempre o tratou de Capitão Beaulieu ou Senhor. Era uma característica de


 
Elvis. Qualquer que fosse a posição de uma pessoa na vida — se médico ou advogado, professor ou diretor de cinema ele raramente a tratava pelo primeiro nome, mesmo quando a conhecia há anos, a não ser que pertencesse a seu círculo íntimo. Ele me explicou um dia:

— É muito simples. As pessoas se esforçaram para chegar onde estão. Os outros devem respeitá-las.

A conversa com meus pais naquela noite foi irrelevante. Elvis comentou que tivera um dia movimentado na "Kaserne", o que levou a uma conversa sobre o serviço militar.

— Para que serviço foi destacado aqui? — perguntou papai, insinuando que era melhor ser algo objetivo, se Elvis queria sair com sua filha.

— Neste momento, senhor, sou basicamente um motorista de jipe da Quarta Blindada, estacionada em Bad Neuheim.

— Pode ser um trabalho difícil nesta época do ano.

— E é mesmo, senhor. Temos algumas noites muito frias. Preciso tomar bastante cuidado. Pego uma amigdalite quando minha resistência diminui, o que não é bom para minha voz.

— Acho que está ansioso em voltar para casa.

— Tem toda razão, senhor. Agora, só faltam cinco meses para concluir o serviço.

Elvis perguntou a meus pais se estavam gostando da Alemanha.

— E muito — respondeu papai. — Planejamos ficar por três anos. Houve um súbito silêncio. Papai convidou os dois para jantar, mas Elvis disse que não tinham tempo. Eu me mantinha em silêncio, observando a apreensão de Elvis e lembrando sua descontração que o tornava cativante. Mamãe estava revisando seu julgamento sobre aquele astro do rock, por quem declarara antes sentir a maior aversão. Percebi que o charme sulista de Elvis a estava conquistando.

Papai explicou finalmente as regras dos Beaulieu. Se queria me ver, Elvis tinha de ir me buscar e levar em casa. Elvis explicou que a noite acabaria num instante se saísse do quartel, fosse para casa, tomasse um banho e trocasse de roupa, viesse a Wiesbanden e voltasse. Haveria algum

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problema se o pai dele viesse me buscar? Papai pensou a respeito por um momento e depois manifestou sua preocupação:

— Quais são realmente as suas intenções? Vamos ser francos. Você é Elvis Presley, tem todas as mulheres do mundo a seus pés. Por que esse interesse por minha filha?

Tanto Elvis como Vernon foram apanhados desprevenidos. Vernon remexeu-se na cadeira, provavelmente pensando: Muito bem, Elvis, quero ver como você vai se sair dessa.

— Acontece, senhor, que gosto muito de sua filha — Respondeu Elvis. — Ela é bastante madura para as garotas da mesma idade e gosto de sua companhia. Não tem sido fácil para mim, longe de casa e tudo mais. Sinto-me um pouco solitário. Acho que se pode dizer que preciso de alguém com quem conversar. Não se preocupe com Priscilla, Capitão. Cuidarei muito bem dela.

A sinceridade de Elvis desarmou papai e encantou mamãe. Juntei-me a Elvis quando ele se levantou, pegou o quepe e disse:

— E agora temos de ir, senhor. É um longo percurso.

Foi imposta uma condição; Elvis deveria me trazer pessoalmente. Ele concordou, garantindo outra vez que eu seria muito bem cuidada, havia uma porção de pessoas de sua família na casa. Poderia ter escarnecido do pedido de papai, mas aceitou a condição de me levar em casa todas as noites. Fiquei emocionada, mas contive o excitamento. Elvis queria mesmo a minha companhia.

Na noite seguinte,quando me levou para casa,Elvis parou o carro diante do prédio. Contou-me tudo o que tinha no coração, como continuaria a fazer pelo resto de nossa permanência na Alemanha. Sentia-se solitário. Não sabia como seria recebido pelos fãs ao voltar aos Estados Unidos. Estava no auge da fama quando ingressara no exército. Gravara dezessete discos que haviam vendido mais de um milhão de cópias e estrelara quatro filmes, todos se tornando sucessos de bilheteria. Ao ser convocado, aventara-se a possibilidade de ele ir para os Serviços Especiais, em que poderia cantar e manter algum contato com o público. Mas o Coronel Parker, seu agente, e a RCA estavam convencidos de que ele deveria servir


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o país como um soldado comum, argumentando que o público respeitaria Elvis como um homem se ele tornasse um simples soldado raso. Agora, Elvis estava com receio de ter perdido o apoio dos fãs.

Enquanto estávamos parados ali, uma das "Fräuleins" que moravam na pensão passou pelo carro. Ela cumprimentou-me e no instante seguinte, ao olhar para Elvis, escancarou a boca, numa expressão de incredulidade.


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CONTINUA,,,,,,,,